A Anvisa tomou uma decisão histórica ao aprovar o uso de um medicamento para o tratamento sistêmico de casos severos de alopecia areata, uma doença autoimune que causa uma perda significativa de cabelo, sobrancelhas e cílios. O medicamento em questão é o Olumiant (baricitinibe), fabricado pela empresa farmacêutica norte-americana Eli Lilly.
Baricitinibe, um medicamento versátil
Antes de receber aprovação para o tratamento da alopecia areata, o baricitinibe já era aprovado para tratar outras condições, incluindo artrite reumatoide, dermatite atópica e casos graves de covid-19.
O que é alopecia areata
Na alopecia areata, os pacientes enfrentam uma perda repentina de cabelo, frequentemente manifestando-se em áreas circulares de calvície. A extensão da perda varia, desde pequenas áreas afetadas até casos mais graves, nos quais os pacientes podem perder todos os pelos do corpo. Essa doença não é contagiosa.
Embora as origens da alopecia areata não sejam completamente compreendidas, é conhecido que fatores emocionais, infecções, outras doenças autoimunes como diabetes tipo 1 e predisposição genética desempenham um papel importante em seu desenvolvimento.
Independentemente da origem, a perda de cabelo ocorre devido a um ataque do sistema imunológico e moléculas inflamatórias aos folículos capilares, desencadeando a queda de cabelo.
Mecanismo de ação
O baricitinibe é um inibidor da enzima Janus quinase (JAK). Ao bloquear essa enzima, o medicamento controla a resposta do sistema imunológico aos folículos capilares, impedindo que sejam atacados e, consequentemente, evitando a queda de cabelo.
Eficácia do baricitinibe
A aprovação da Anvisa para o uso do baricitinibe no tratamento da alopecia areata foi baseada em análises de dois estudos clínicos de Fase 3, conhecidos como BRAVE-AA1 e BRAVE-AA2, que envolveram 1.200 pacientes adultos com casos graves da condição, nos quais a perda de cabelo era igual ou superior a 50%.
Após 36 semanas de tratamento, os resultados desses estudos foram notáveis. Um em cada quatro adultos que receberam a dose menor diária de baricitinibe (2 mg) e um em cada três que receberam a dose maior (4 mg) obtiveram uma cobertura significativa de 80% ou mais no couro cabeludo. Em contraste, no grupo de pacientes que recebeu placebo a melhora foi de apenas 3% a 5%.
Nesta semana publicamos em nosso site a aprovação feita pela Agência reguladora do Reino Unido para um medicamento da Pfizer voltado para o tratamento da alopecia areata. Confira a matéria aqui.
Essa nova aprovação feita pela Anvisa marca um avanço significativo no tratamento da alopecia areata, oferecendo esperança para aqueles que sofrem com essa condição devastadora.
Referências
Eli Lilly
Anvisa
Imagem: FarmaNetwork