A Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, anunciou na quinta-feira (9) a aprovação da vacina contra a chikungunya desenvolvida pelo Instituto Butantan em colaboração com a empresa de biotecnologia franco-austríaca Valneva. Este marco representa a primeira autorização mundial para um imunizante contra essa doença. A decisão foi baseada nos resultados da fase 3 do ensaio clínico, publicados em junho na revista The Lancet, revelando que a vacina é segura e estimulou a produção de anticorpos em 98,9% dos participantes.
A conquista nos EUA fortalece as perspectivas da vacina ser aprovada no Brasil. O Instituto Butantan planeja submeter o pedido de aprovação à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no primeiro semestre de 2024. Além disso, o Butantan está conduzindo um estudo de fase 3 no Brasil, focado em adolescentes, com resultados esperados em breve. Isso poderia expandir as indicações da vacina para incluir esse grupo etário.
“É uma excelente notícia para todos. Estamos cada vez mais próximos de fornecer uma vacina contra a chikungunya para a população. O Butantan tem muito orgulho de estar participando ativamente no processo de desenvolvimento,” declarou Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan.
No Brasil, a vacina está sendo testada em 750 adolescentes de 12 a 17 anos em áreas endêmicas de diversas cidades. O ensaio clínico nos EUA demonstrou que uma única dose da vacina induziu a produção de anticorpos neutralizantes em 98,9% dos participantes, mantendo-se segura. As reações adversas foram principalmente leves, como dor de cabeça, fadiga e sensibilidade no local da injeção. A proteção continuou em 96,3% dos voluntários após seis meses.
A chikungunya, transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, pode causar sintomas como febre, dores articulares e musculares. O grande impacto é a possibilidade de sequelas graves, tornando-se crônica e afetando a qualidade de vida. A diretora médica do Butantan, Fernanda Boulos, destaca que essas sequelas podem ter implicações não apenas na saúde, mas também na economia, especialmente entre os jovens.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) relata a presença do vírus chikungunya em 110 países. No Brasil, os casos aumentaram significativamente entre 2021 e 2022. Atualmente, não existe um tratamento específico, sendo a prevenção baseada no controle dos vetores, semelhante ao combate à dengue. Isso inclui medidas como esvaziar e limpar recipientes com água parada e descartar adequadamente o lixo.
Referências
Portal do Butantan
Imagem: Farma Nertwork