Autores do FDA publicaram recentemente um artigo sobre impurezas elementares na cannabis após a vaporização. O estudo experimental avaliou um único vaporizador e três amostras vegetais de cannabis, sugerindo que uma transferência de metais pesados das amostras de cannabis para o vapor de cannabis pode não ocorrer durante o processo de vaporização nas condições de estudo aplicadas.
Contextualização
O uso de vaporizadores para inalar cannabis é uma técnica que cresceu em popularidade e há uma percepção geral de que os vaporizadores são “mais seguros” quando comparados ao consumo mais tradicional de cannabis por combustão (ou seja, cigarros). Em relação às impurezas elementares, as monografias farmacopeicas sobre medicamentos fitoterápicos (por exemplo, a nova monografia Ph. Eur. Cannabis flower) geralmente se concentram nos quatro metais pesados Pb, As, Cd e Hg, porque esses quatro elementos apresentam um risco potencial para a saúde pública. Portanto, o objetivo deste estudo foi investigar a transferência potencial desses elementos metálicos das amostras de cannabis para o vapor de cannabis através do processo de vaporização.
Experimentos
Neste estudo foi utilizado um único vaporizador comercial, Volcano Digit (Storz & Bickel GmbH & Company, Tuttlingen, Alemanha). Todos os três materiais de cannabis (placebo, baixa potência e alta potência) foram expostos a quatro tratamentos térmicos, incluindo um estojo que simula um cenário clínico de vaporização de cannabis usando um vaporizador de mesa com bolsa anexada.
Porém, neste estudo, os vapores coletados na bolsa durante a simulação não puderam ser analisados. A quantificação de impurezas elementares foi realizada para as amostras de cannabis em todos os quatro tratamentos térmicos, tanto antes como depois do aquecimento. A quantidade de impurezas elementares foi calculada com base nas diferenças entre a análise das amostras antes e após o aquecimento.
Resultado
Os resultados obtidos neste estudo revelaram que os quatro analitos metálicos Pb, As, Cd e Hg (além de elementos adicionais como Mg, Al, Zn, etc.) estavam presentes em todas as três amostras de cannabis e as concentrações de cada elemento foram semelhante entre elas. No entanto, o Mg foi observado como o elemento com maior concentração em todas as amostras.
Não foram observadas diferenças significativas de concentração para cada elemento antes e depois da vaporização. Isto potencialmente indica que todos os elementos quantificados permaneceram nas amostras. Portanto, parece que quase nenhuma impureza elementar pôde ser transferida para a fase de vapor da cannabis a partir da matéria-prima através do processo de vaporização sob os quatro tratamentos de aquecimento avaliados.
No entanto, as impurezas elementares podem ser detectadas na fase de vapor da cannabis durante o processo de aquecimento com uma temperatura muito mais elevada (> 190 °C) e/ou um período de aquecimento mais longo (> 70 s). Para avaliar isso, investigações adicionais podem ser necessárias, concluem os autores.
Mais informações estão disponíveis no artigo Analysis of elemental impurities in cannabis following vaporization publicado no Talanta Open.
Referências
Qiang Wang, Berk Oktem, Charles G. Wu, Nathan C. Twaddle, Cassandra L. Taylor, Analysis of elemental impurities in cannabis following vaporization, Talanta Open, Volume 9, 2024. https://doi.org/10.1016/j.talo.2023.100281.
