Pesquisadores norte-americanos descobriram que alterar as condições de cultivo das células T pode aprimorar a eficácia da terapia CAR T, usada no tratamento de cânceres sanguíneos. Essa descoberta, feita por acaso, oferece uma nova abordagem que pode também melhorar o tratamento de tumores sólidos, conforme sugerem os resultados do estudo.
Colocando as Células T em uma “Dieta Keto”
O estudo foi liderado por Dan Cappabianca, do Wisconsin Institute for Discovery, da Universidade de Wisconsin-Madison, e foi publicado na revista Molecular Therapy — Methods & Clinical Development, Cappabianca e sua equipe estavam comparando duas formulações de meios de cultivo para células T, cada uma com diferentes níveis de nutrientes.
Inicialmente, as células T foram ativadas em um meio pobre em nutrientes, com baixas concentrações de glicose e glutamina, substâncias essenciais para a produção de energia. Em seguida, essas células foram transferidas para um meio rico em nutrientes. O resultado foi surpreendente: o “preparo metabólico” das células T permitiu que elas mantivessem suas propriedades semelhantes às de células-tronco. Isso resultou em uma maior sobrevivência das células e uma capacidade aprimorada de combater células cancerígenas.
“Nós descobrimos que, ao restringir temporariamente a exposição ao açúcar, semelhante a uma ‘dieta keto’ de três dias, nossas células T apresentaram menor maturidade ao final do processo de fabricação. Quanto menos maduras elas são quando reinfundidas no paciente, maior é sua longevidade no combate ao câncer,” explicou Cappabianca. Isso abre novas possibilidades promissoras para a produção em larga escala da terapia CAR T.
Estudos com as Células CAR T
Ensaios clínicos recentes utilizando células T cultivadas com essa nova abordagem mostraram que 63% dos pacientes com câncer conseguiram uma redução temporária parcial ou completa dos tumores. Em comparação, apenas 15% dos pacientes tratados com células CAR T cultivadas sem o método de duas etapas do laboratório tiveram uma resposta semelhante.
Os pesquisadores da Universidade de Wisconsin–Madison estão otimistas de que esse novo processo de biofabricação, que “prepara metabolicamente” as células T receptoras anti-GD2 TRAC-CAR, possa ser adaptado para a produção em larga escala, trazendo benefícios significativos para os pacientes com câncer.