Em um movimento estratégico para fortalecer o Complexo Econômico da Saúde, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou a aprovação de R$ 1,39 bilhão em financiamentos destinados a impulsionar a pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) na indústria farmacêutica brasileira. A iniciativa foi divulgada em evento realizado no Palácio do Planalto, que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de autoridades como a ministra da Saúde, Nísia Trindade, e o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
Os recursos serão distribuídos entre três grandes players do setor: EMS (R$ 500 milhões), Aché (R$ 390 milhões) e Eurofarma (R$ 500 milhões), todos beneficiários do programa BNDES Mais Inovação. O objetivo é viabilizar o desenvolvimento de medicamentos inovadores e aumentar a competitividade do setor, tanto no mercado interno quanto no exterior.
Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, destacou a importância do setor de saúde, que representa cerca de 9,7% do PIB nacional. Segundo ele, o financiamento vai além da produção de genéricos e abre caminho para o desenvolvimento de novas rotas tecnológicas e produtos de alta complexidade, com potencial para serem registrados em mercados sofisticados como os Estados Unidos e a União Europeia. “Estamos financiando projetos de ponta em inovação que elevarão o Brasil a outro patamar no cenário global, ao mesmo tempo que ampliamos o acesso a tratamentos mais acessíveis e eficazes para a população”, afirmou Mercadante.
Os Projetos de PD&I nas Empresas Farmacêuticas
Cada uma das empresas beneficiadas destinará os recursos para áreas estratégicas de inovação. A EMS, por exemplo, investirá na produção de oito medicamentos genéricos voltados para o tratamento de diabetes e câncer, além de 17 inovações em fármacos para condições como ansiedade, insônia e inflamações. Dos medicamentos a serem desenvolvidos, seis são inéditos no Brasil.
No caso da Aché, os R$ 390 milhões financiarão mais de 70 projetos, incluindo novos princípios ativos, concentrações e formas farmacêuticas, além de tecnologias farmacêuticas inovadoras. A empresa também planeja criar um laboratório de alta potência em Guarulhos (SP), com foco em pesquisa interna, reduzindo a dependência de parcerias externas.
A Eurofarma, por sua vez, investirá os R$ 500 milhões no Eurolab, centro de pesquisa localizado em Itapevi (SP), para desenvolver cerca de 200 projetos. Entre as iniciativas estão tanto melhorias incrementais quanto a criação de novos genéricos e biossimilares, visando ampliar a oferta de medicamentos no mercado privado e no Sistema Único de Saúde (SUS).
Impacto Econômico e Inovação Tecnológica
Além dos investimentos diretos em pesquisa e desenvolvimento, o BNDES projeta expandir os aportes para o Complexo Econômico da Saúde, com a meta de alcançar R$ 5,5 bilhões em dois anos. Parte dessa estratégia inclui a criação de um Fundo de Investimento em Biotecnologia, com foco em startups de saúde que desenvolvam soluções científicas de alta complexidade, como biotecnologia e nanotecnologia. O fundo deverá ter um valor inicial de R$ 250 milhões, com a participação de investidores privados, além do BNDES e da Finep.
Desde janeiro de 2023, as aprovações de crédito do BNDES para o setor de saúde já somaram R$ 4,5 bilhões, um recorde na série histórica. Apenas no segmento farmacêutico, foram R$ 2,1 bilhões aprovados nos primeiros sete meses do ano, superando em 33% o total registrado em 2023.
Esses investimentos refletem a nova política industrial do governo federal, que busca reduzir a dependência externa e aumentar a oferta de medicamentos no Brasil, promovendo o desenvolvimento de tecnologias nacionais. “O fortalecimento do Complexo Econômico-Industrial de Saúde é um pilar da Nova Indústria Brasil. Estamos criando condições para que o país seja menos vulnerável e mais autossuficiente em termos de saúde pública”, destacou José Luís Gordon, diretor do BNDES.
O apoio ao setor farmacêutico nacional coloca o Brasil em uma posição estratégica, não apenas para suprir as demandas internas, mas também para competir em mercados globais. Com a combinação de inovação, acessibilidade e sustentabilidade, o país avança para se consolidar como um importante player no cenário mundial de saúde e biotecnologia.