A Bahia se prepara para um avanço significativo na área de pesquisa e desenvolvimento de medicamentos com a criação do Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Medicamentos (CPDIM), que será instalado no Parque Tecnológico da Bahia, em Salvador. O projeto, liderado pela Fundação Baiana de Pesquisa Científica e Desenvolvimento Tecnológico, Fornecimento e Distribuição de Medicamentos (Bahiafarma), é fruto de um investimento de R$ 11,3 milhões do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e promete posicionar o estado como referência na produção de medicamentos inovadores, aproveitando os recursos da biodiversidade local.
Foco na biodiversidade e inovação
A proposta central do CPDIM é aproveitar a vasta biodiversidade da Bahia e do Nordeste para desenvolver novos fármacos e princípios ativos. O centro será responsável por identificar e explorar o potencial terapêutico de moléculas extraídas de plantas nativas da região, como o óleo de licuri, conhecido por suas propriedades cicatrizantes, e outras plantas, como mulungu, aroeira, maracujá do mato e moringa. Este trabalho será realizado em colaboração com universidades e instituições de pesquisa, consolidando uma rede de conhecimento científico com foco na inovação.
Parcerias estratégicas
O CPDIM já conta com o apoio de diversas instituições renomadas, como Fiocruz, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Estadual da Bahia (Uneb) e Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), que serão parceiros fundamentais no desenvolvimento das pesquisas. Através dessas colaborações, será possível não apenas ampliar a capacidade de produção de medicamentos, mas também gerar novos conhecimentos científicos que possam ser aplicados em diversas áreas da saúde.
Um dos projetos de maior impacto é o desenvolvimento de uma formulação pediátrica de hidroxiureia, em parceria com a Faculdade de Farmácia da UFBA, voltada para o tratamento da doença falciforme, condição que afeta principalmente a população negra e tem alta prevalência na Bahia. Esta nova formulação permitirá uma dosagem mais precisa e uma melhor adesão ao tratamento, o que representa um avanço significativo para a saúde pública local.
Além disso, está em andamento o desenvolvimento de um probiótico para o tratamento de neuropatia diabética, uma doença que atinge milhares de pessoas na Bahia e em todo o Brasil. Este projeto, também em parceria com a UFBA e a UFRB, reforça o compromisso da Bahiafarma em criar soluções inovadoras para condições de saúde que afetam a população local.
Fortalecimento da indústria farmacêutica
O novo centro de pesquisa também visa fortalecer o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), um conjunto de iniciativas voltadas para aumentar a produção nacional de medicamentos e insumos, diminuindo a dependência externa e promovendo a autonomia do Brasil nessa área estratégica. Para o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia, André Joazeiro, o desenvolvimento de tecnologia própria é fundamental para a economia da saúde: “É mais barato desenvolver do que comprar tecnologia. Com os insumos da nossa biodiversidade, podemos criar fitoterápicos, cosméticos e outros produtos que poderão ser patenteados e comercializados, não só para o Sistema Único de Saúde (SUS), mas para mercados nacionais e internacionais”, afirmou.
A criação do CPDIM representa uma oportunidade de alavancar a produção farmacêutica local, agregando valor à indústria e impulsionando a economia do estado e da região. A articulação entre a produção científica das universidades e a linha produtiva da indústria farmacêutica permitirá que o conhecimento gerado se transforme em soluções concretas para a população.
Um futuro promissor para a saúde na Bahia
Com a inauguração do CPDIM, a Bahiafarma não apenas fortalece sua posição como referência em pesquisa e inovação, mas também contribui diretamente para o desenvolvimento de uma cadeia produtiva sólida, sustentável e alinhada com as necessidades da população. Ao valorizar a biodiversidade regional e fomentar parcerias estratégicas com universidades e centros de pesquisa, o estado da Bahia se destaca no cenário nacional como um polo de inovação farmacêutica.
Essa iniciativa promete beneficiar não apenas a saúde pública, mas também abrir novos caminhos para o crescimento econômico, a valorização do conhecimento científico local e a criação de soluções terapêuticas que poderão impactar positivamente a vida de milhares de brasileiros.
