Um grande revés atingiu a gigante farmacêutica Bayer, já que seu anticoagulante experimental, asundexian, não conseguiu alcançar a eficácia da Eliquis, da Bristol Myers Squibb, de acordo com um anúncio feito na última semana. A interrupção do teste de Fase 3 chamado OCEANIC-AF ocorreu apenas nove meses após seu início, levantando a preocupações sobre a direção estratégica da Bayer e as futuras fontes de receita.
Interrupção do Teste e Reação do Mercado
A interrupção do teste OCEANIC-AF foi resultado da “eficácia inferior” do medicamento em comparação com o Eliquis na prevenção de derrames em pacientes com fibrilação atrial. As ações da Bayer sofreram uma forte queda de cerca de 20% na bolsa de Frankfurt, marcando um golpe significativo para a empresa que tinha grandes expectativas para a asundexian.
A Bayer antecipava que a asundexian, um inibidor de Factor XIa, poderia gerar mais de US$ 5 bilhões em vendas anuais, tornando-a blockbuster de suas futuras receitas farmacêuticas. Esse fracasso no teste clínico representa um desafio para os planos estratégicos da Bayer e pode impactar sua posição no mercado, especialmente em meio à concorrência com outras empresas farmacêuticas.
Inibidores de Factor XIa e Dinâmica do Mercado
Os inibidores de Factor XIa, como a asundexian, representam uma nova classe de medicamentos projetados para evitar a formação de coágulos sanguíneos sem aumentar o risco de sangramento, um problema conhecido com alguns anticoagulantes existentes. A esperança era que os medicamentos dessa classe pudessem oferecer uma alternativa mais segura aos medicamentos atuais, como Eliquis e Xarelto.
A decisão da Bayer de interromper o teste reflete a intensa competição e corrida entre as empresas farmacêuticas para desenvolver a próxima geração de anticoagulantes. Eliquis, desenvolvido pela Bristol Myers Squibb e Pfizer, domina atualmente o mercado, e a asundexian da Bayer visava desafiar essa posição.
Implicações para a Bayer e a Indústria Farmacêutica
A interrupção prematura do teste levanta questões sobre a estratégia farmacêutica da Bayer, especialmente considerando as altas expectativas depositadas na asundexian. A empresa já enfrenta desafios em seu negócio de herbicidas, questões legais relacionadas ao Roundup e a iminente perda da proteção de patente do Xarelto.
A indústria farmacêutica também sentirá o impacto. Analistas preveem que o anúncio da Bayer terá “implicações muito significativas” para outras empresas do setor. Esse revés para a Bayer pode influenciar como outras gigantes farmacêuticas abordam o desenvolvimento e posicionamento de inibidores de Factor XIa.
Planos Futuros e Resposta da Indústria
O CEO da Bayer, Bill Anderson, que assumiu recentemente, enfrenta desafios substanciais para guiar a empresa por meio desse contratempo. A empresa planeja continuar um teste menor de Fase 3, OCEANIC-STROKE, testando a asundexian em participantes que já sofreram um derrame, enquanto reavalia outro estudo planejado em pacientes com fibrilação atrial.
Esse desenvolvimento também pode lançar dúvidas sobre a promessa de outros inibidores de Factor XIa, incluindo o milvexian da Bristol Myers Squibb, que ainda está em fase de testes de Fase 3. A indústria farmacêutica observará de perto como os concorrentes ajustarão suas estratégias em resposta ao inesperado fracasso do teste da Bayer.
Em comunicado, a Bristol Myers Squibb expressou confiança em seus planos de teste e enfatizou as diferenças que vê no milvexian em comparação com outros inibidores orais de Factor XI.
Em conclusão, o revés da asundexian da Bayer destaca os desafios e incertezas no desenvolvimento de medicamentos, mesmo para grandes players farmacêuticos. O resultado dos testes em andamento e a resposta da indústria moldarão provavelmente o futuro das terapias anticoagulantes.
Referências
Bayer Internacional