Brasil Avança na Biossegurança com o Laboratório Orion

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O Brasil está prestes a dar um passo significativo no campo da biossegurança com a construção do laboratório Orion, que será o primeiro de nível de biossegurança máxima (NB4) da América Latina. Este empreendimento, localizado no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) em Campinas, São Paulo, representa um marco importante para a ciência e a saúde pública na região.

O que é um Laboratório NB4?

Os laboratórios de biossegurança são classificados de NB1 a NB4, dependendo do nível de risco dos patógenos que manipulam. Os laboratórios NB4 são projetados para trabalhar com os patógenos mais perigosos, como os vírus Ebola, Lassa e Nipah, que possuem alto grau de transmissibilidade e letalidade. Esses laboratórios têm a infraestrutura necessária para prevenir a fuga desses agentes perigosos, garantindo a segurança dos operadores e da comunidade.

Importância do Orion para a Ciência e Saúde Pública

O Orion não será apenas um laboratório, mas um complexo de pesquisa avançada que contribuirá significativamente para o combate a futuras epidemias e pandemias. Com a capacidade de estudar vírus altamente patogênicos, o Orion permitirá o desenvolvimento de novos diagnósticos, vacinas e tratamentos. Este laboratório também será crucial para a vigilância ativa, monitorando a evolução e mutação de vírus que podem representar ameaças emergentes.

Ana Márcia de Sá Guimarães, professora do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo, destaca a importância de tais estruturas: “É importante ter essa estrutura laboratorial com um NB4 para estudar mais a fundo esses vírus, desenvolver vacinas, tratamentos e entender a patogenia das doenças.”

Investimento e Parcerias Internacionais

O projeto Orion receberá um investimento de R$ 1 bilhão do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) do governo federal. Este investimento é justificado pela complexidade e importância do laboratório. Além disso, o projeto conta com a colaboração do Instituto Roberto Koch, da Alemanha, que trará sua expertise em biossegurança para o desenvolvimento e operação do Orion.

Inovação com Luz Síncrotron

Uma característica única do Orion será sua conexão com o acelerador de partículas Sirius, a fonte de luz síncrotron brasileira. Esta conexão permitirá que o laboratório utilize três linhas de luz para análises detalhadas, algo inédito no mundo. Antonio José Roque da Silva, diretor-geral do CNPEM, ressalta que esta combinação de técnicas avançadas de imagem e análise biológica não existe em nenhum outro lugar do mundo.

Capacitação de Profissionais

Para garantir a operação segura e eficiente do Orion, haverá um programa robusto de capacitação para os profissionais que trabalharão no laboratório. Este programa incluirá treinamentos internacionais e atividades práticas em ambientes-modelo, onde as equipes enfrentarão condições simuladas sem risco de contágio.

Tatiana Ometto, pesquisadora colaboradora do ICB e especialista em biossegurança, enfatiza a importância do treinamento: “Em fevereiro, a equipe da Universidade da Califórnia – Irvine treinou 15 profissionais do CNPEM, incluindo manutenção, segurança do trabalho, biossegurança e cibersegurança, garantindo uma preparação adequada para o início das operações do Orion.”

Futuro Promissor

Com previsão de inauguração em 2026, o Orion será uma peça-chave no fortalecimento da capacidade do Brasil de responder a ameaças biológicas. O professor Jansen de Araújo, também do ICB, acredita que a pandemia de Covid-19 foi um catalisador para este desenvolvimento: “A pandemia mostrou para o Brasil que precisamos estar preparados com um laboratório de biossegurança máxima.”

O Brasil, com sua vasta biodiversidade e clima tropical, é um local propício para o surgimento de novos vírus. O Orion oferecerá as condições necessárias para controlar e estudar esses patógenos, contribuindo para a saúde pública global e colocando o Brasil na vanguarda da pesquisa em biossegurança.

Com o Orion, o Brasil não apenas preencherá uma lacuna crítica na infraestrutura de pesquisa da América Latina, mas também se posicionará como um líder global na luta contra doenças infecciosas emergentes.

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