“Genoma Obscuro” é potencial fonte de novos fármacos

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O “genoma obscuro” compreende a porção não codificante do nosso material genético, constituindo cerca de 98% do DNA humano. Isso não é exclusividade do Homo sapiens uma vez que os genomas de outros eucariotos multicelulares como fungos, plantas e animais também parecem ser compostos principalmente de DNA que não codifica proteínas.

Quando Rosana Kapeller trabalhava na Nimbus Therapeutics no início dos anos 2010, a tecnologia para estudar o chamado “genoma obscuro” ainda não existia.

Quatorze anos depois, Rosana está liderando uma startup de biotecnologia especializada nessa área da ciência e está prestes a desvendar como essas áreas menos exploradas do DNA podem fornecer novos medicamentos.

A empresa de Rosana, chamada Rome Therapeutics, revelou ter arrecadado neste mês mais R$ 360 milhões para avançar em sua pesquisa, atraindo novos investidores como a Johnson & Johnson e Bristol Myers Squibb para uma nova rodada de investimentos.

“Somos uma empresa descobridora que está se tornando uma empresa de desenvolvimento”, disse Rosana em uma entrevista.

O “genoma obscuro” refere-se ao DNA que não codifica diretamente proteínas e, portanto, atraiu comparativamente menos atenção de pesquisadores e fabricantes de medicamentos. Consiste principalmente em elementos genéticos repetitivos, conhecidos coletivamente como “repeatome”, cuja palavra deu origem ao nome da startup.

Os pesquisadores acreditam que procurar esses elementos em busca de pistas sobre como as doenças se desenvolvem pode resultar em novos tipos de medicamentos. A tecnologia para escanear e estudar essa parte do DNA não estava disponível até a última década. Somente após avanços no sequenciamento de leitura longa e, posteriormente, técnicas de aprendizado de máquina, é que foi possível aos cientistas compreender e acessar essa parte do genoma.

O principal candidato a medicamento da Rome tem como alvo uma proteína semelhante a um vírus conhecida como transcriptase reversa LINE-1, que, quando ativada, parece estar envolvida na sinalização celular que desencadeia doenças autoimunes como o lúpus. O bloqueio dessa proteína pode inibir a inflamação sem reduzir a capacidade do corpo de combater infecções, um efeito colateral de muitos medicamentos direcionados ao sistema imunológico.

Os novos fundos provenientes dessa nova rodada de investimentos serão usados para prosseguir com os estudos da molécula LINE-1 para testes clínicos. A empresa divulgou até agora apenas detalhes limitados sobre seu portfolio, mas está focada em doenças autoimunes, câncer e neurodegeneração.

No total, a Rome arrecadou quase R$ 1 bilhão desde seu lançamento em 2020. Além de J&J e Bristol Myers Squibb, seus investidores incluem Sanofi, Arch Ventures e Mass General Brigham Ventures.

Referências

rometx.com

Imagem: FarmaNetwork

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