A indústria farmacêutica brasileira está sob pressão após a recente edição de uma medida provisória (MP) pelo governo federal, que revisa o sistema de créditos de PIS/Cofins, particularmente restringindo a “compensação cruzada de impostos”. Enquanto o impacto para hospitais e planos de saúde parece ser limitado, as perspectivas para o setor farmacêutico são mais desafiadoras, conforme apontam analistas do Citi Bank em um relatório divulgado no último dia 6 de junho.
Impacto no Setor de Saúde
Os analistas Leandro Bastos e Renan Prata do Citi destacam que a maior parte dos hospitais e planos de saúde já opera sob um regime cumulativo, o que lhes confere uma relativa proteção contra os impactos mais severos da MP. No entanto, a indústria farmacêutica enfrenta um cenário diferente. A MP, ao restringir a compensação cruzada de impostos, afeta diretamente o acúmulo de créditos de PIS/Cofins, que frequentemente supera as dívidas do setor, especialmente devido às vendas de medicamentos isentos de PIS/Cofins listados na Lista Positiva.
Pressão sobre a Indústria Farmacêutica
O relatório do Citi projeta um impacto negativo significativo para a Hypera (BVMF), uma das maiores empresas farmacêuticas do Brasil. Estima-se que o fluxo de caixa livre dos acionistas (FCFE) da Hypera seja reduzido em aproximadamente R$ 50 milhões nos anos de 2025 e 2026. Essa redução é atribuída à transição para o regime proposto de duplo IVA, que deve começar a mitigar os impactos a partir de 2027.
Mitigação e Perspectivas Futuras
Apesar das pressões imediatas, os analistas do Citi acreditam que o impacto global na cadeia de saúde será relativamente pequeno e de curta duração, com efeitos esperados até 2027. Essa perspectiva pode ajudar a acalmar os investidores, que têm demonstrado preocupação nos últimos dias.
A indústria farmacêutica, sendo um setor crucial para a economia e a saúde pública, precisará adaptar-se rapidamente às novas regras fiscais. A capacidade de mitigar os impactos e ajustar suas operações será vital para manter a estabilidade financeira e continuar fornecendo medicamentos essenciais ao mercado.
A mudança no sistema de créditos de PIS/Cofins representa um desafio significativo para a indústria farmacêutica brasileira, destacando a necessidade de ajustes estratégicos e operacionais para enfrentar as novas condições fiscais. Enquanto o impacto sobre hospitais e planos de saúde é limitado, a indústria farmacêutica deve se preparar para uma fase de adaptação e mitigação dos efeitos financeiros até que o novo regime tributário esteja plenamente implementado em 2027.