Resultados de um ensaio clínico humano inédito, publicado no New England Journal of Medicine, mostraram que o medicamento chamado baricitinibe tem potencial como o primeiro tratamento modificador para diabetes tipo 1, podendo ser administrado em forma de comprimido.
Os pesquisadores observaram que o baricitinibe, um medicamento de molécula pequena usado atualmente para tratar a artrite reumatoide a alopecia areata, pode preservar a produção de insulina do próprio corpo e suprimir a progressão do diabetes tipo 1 em pessoas que iniciaram o tratamento nos primeiros 100 dias após o diagnóstico.
De acordo com os pesquisadores, o medicamento bloqueia uma enzima que normalmente auxilia na transmissão de sinais que regulam o sistema imunológico e a inflamação. Fundamentalmente, o tratamento atrasa o início dos sintomas completos da doença, melhorando o controle da glicose e reduzindo o potencial de efeitos prejudiciais para a saúde a longo prazo.
“Até agora, as pessoas com diabetes tipo 1 dependiam da insulina administrada por injeção ou bomba de infusão. Nosso ensaio mostrou que, se iniciado cedo o suficiente após o diagnóstico, e enquanto os participantes continuaram com o medicamento, a produção de insulina deles foi mantida. As pessoas com diabetes tipo 1 no ensaio que receberam o medicamento precisaram de significativamente menos insulina para o tratamento”, afirmou o Professor Thomas Kay, Diretor do Instituto de Pesquisa Médica St Vincent’s, na Austrália.
Num ensaio clínico de Fase II para o baricitinibe, os pesquisadores monitoraram a glicose no sangue e a produção de insulina de 91 participantes com idades entre 10 e 30 anos, ao longo de um período de um ano. Dos inscritos, 60 receberam baricitinibe e 31 receberam um placebo.
Os participantes permaneceram em seu medicamento prescrito de insulina durante todo o estudo. Os pesquisadores monitoraram a dose diária total de insulina dos participantes, a quantidade de insulina produzida endogenamente, a glicose no sangue e os níveis de HbA1C ou hemoglobina glicada, uma medida dos níveis médios de glicose no sangue nos últimos dois a três meses.
Se o tratamento for aprovado, seria uma “mudança enorme na forma como o diabetes tipo 1 é gerenciado e acreditamos ser uma melhoria fundamental na capacidade de controlar o diabetes tipo 1”, comentou a Professora Helen Thomas, líder pré-clínica no ensaio.
Referências
Baricitinib and β-Cell Function in Patients with New-Onset Type 1 Diabetes.
DOI: 10.1056/NEJMoa2306691