Um estudo em grande escala liderado por pesquisadores da Universidade de Cincinnati e pelo maior provedor de serviços de saúde de Nova York, a Northwell Health, sugere que a metformina pode ajudar a prevenir ou reduzir o ganho de peso em jovens que tomam antipsicóticos de segunda geração (ASGs) para tratar o transtorno bipolar.
Os ASGs usados para tratar o transtorno bipolar muitas vezes são eficazes na melhoria da saúde mental dos jovens pacientes, mas podem ter efeitos colaterais significativos, incluindo elevação da pressão arterial e glicose, aumento do apetite e ganho de peso.
Além da baixa aderência ao tratamento, os efeitos colaterais relacionados ao ganho de peso podem levar a consequências prejudiciais para a saúde ao longo da vida, de acordo com Christina Klein, pesquisadora no Departamento de Psiquiatria e Neurociência Comportamental da Faculdade de Medicina da UC.
“Não estamos apenas considerando a saúde mental, mas estamos olhando para a saúde física da pessoa como um todo”, disse Klein.
A metformina é normalmente usada para o tratamento do diabetes tipo II. Também é conhecida por prevenir o ganho de peso; no entanto, quase todos os psiquiatras pesquisados inicialmente disseram que não se sentiam confortáveis em prescrevê-la, o que levou a realização deste estudo.
Estudo da metformina para combater os efeitos colaterais dos ASGs
No total, 1.565 pacientes com idades entre 8 e 19 anos com transtorno bipolar que estavam tomando ASGs foram inscritos no estudo MOBILITY.
O estudo teve critérios amplos de inscrição. Ele foi conduzido em 60 locais nos EUA, em uma ampla variedade de clínicas, incluindo aquelas que não haviam participado anteriormente de estudos clínicos.
Todos os participantes do estudo receberam uma intervenção de estilo de vida com recomendações para alimentação saudável e exercícios. Metade dos jovens foi randomizada para receber além da intervenção de estilo de vida saudável a prescrição de metformina.
Antes de iniciar as intervenções, os pesquisadores coletaram informações sobre jovens com transtornos bipolares, sua qualidade de vida e aderência à medicação ASG conforme prescrito.
Embora 87% dos jovens tenham relatado que tomaram a medicação regularmente, a maioria disse que estava insatisfeita e/ou estava triste, zangada ou frustrada com seu peso.
“Um terço dos jovens inscritos no estudo tinha síndrome metabólica desde o início.”
Os pesquisadores também coletaram dados metabólicos iniciais para determinar se os participantes tinham síndrome metabólica, o que, segundo Claudine Higdon, MD, da Northwell, é uma consequência comum do uso de ASGs, colocando os jovens em risco de diabetes e doenças cardiovasculares. Foi descoberto que um terço dos jovens inscritos no estudo tinha síndrome metabólica desde o início do estudo.
“Os elementos-chave da síndrome metabólica são obesidade, pressão alta, triglicerídeos elevados e glicose elevada”, observou Higdon. “É importante que os clínicos monitorem a síndrome metabólica ao tratar jovens com antipsicóticos de segunda geração.”
Resultados iniciais do estudo
Nos dados de acompanhamento de curto prazo de seis meses, a metformina teve um “efeito modesto, mas significativo na prevenção e, em alguns casos, reversão do ganho de peso na população do estudo”, afirmou Jeffrey Welge, professor no Departamento de Psiquiatria e Neurociência Comportamental da UC e no Departamento de Ciências Ambientais e de Saúde Pública.
O fármaco também foi considerado seguro, com alguns sintomas de desconforto gastrointestinal sendo os únicos efeitos colaterais relatados.
Além disso, embora tenha afetado o ganho de peso, a metformina não teve um efeito significativo na síndrome metabólica dos jovens a curto prazo, observou Welge.
No entanto, Higdon enfatizou que mais pesquisas são necessárias em intervenções eficazes para a síndrome metabólica.
Referências:
As descobertas deste estudo foram apresentadas no American Academy of Child and Adolescent Psychiatry conference na cidade de Nova York em 27 de outubro.
