Na última semana, a cidade de Hortolândia, no interior de São Paulo, recebeu a inauguração da nova fábrica da EMS, um marco importante para a indústria farmacêutica brasileira. A planta, que demandou um investimento de R$ 70 milhões, será a primeira no país dedicada à produção de polipeptídeos sintéticos, como a liraglutida e a semaglutida, moléculas amplamente utilizadas no tratamento de diabetes e obesidade. O objetivo da iniciativa é reduzir a dependência do Brasil de insumos e medicamentos importados, além de expandir a produção nacional de itens essenciais para o Sistema Único de Saúde (SUS).
A nova fábrica possui 6.000 m² e se insere em um complexo industrial maior da EMS, que já abriga outras unidades de produção e um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Além de gerar 150 novos empregos diretos e cerca de mil indiretos, a unidade contribuirá para o fortalecimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), um dos pilares da reindustrialização proposta pelo Governo Federal.
Tecnologia e Inovação no Combate ao Diabetes e à Obesidade
Os medicamentos produzidos pela EMS são análogos ao hormônio GLP-1, atuando de forma semelhante a ele e proporcionando benefícios significativos para os pacientes, como a redução de efeitos colaterais e de custos. Com a produção em solo nacional, a empresa projeta alcançar um faturamento de US$ 1 bilhão em cinco anos, com vendas no mercado interno e externo, especialmente nos Estados Unidos.
Embora o complexo estivesse pronto há um ano, a produção aguardava aprovação da Anvisa. O registro da liraglutida deve ser liberado em até 60 dias, enquanto a produção de semaglutida só poderá ocorrer após 2026, quando expira a patente da dinamarquesa Novo Nordisk.
Expansão de Medicamentos Genéricos e Inovações
A inauguração da fábrica ocorre em um momento estratégico para a EMS, que recentemente obteve aprovação de um financiamento de R$ 500 milhões junto ao BNDES. Esse montante será destinado à produção de oito medicamentos genéricos, sendo seis deles inéditos no Brasil, voltados para o tratamento de diabetes e câncer. Entre as inovações previstas estão anti-inflamatórios, antialérgicos, analgésicos e medicamentos para ansiedade, insônia e náusea.
O financiamento também impulsionará o desenvolvimento de tratamentos avançados para condições como leucemia mieloide crônica, câncer de próstata e carcinoma de células renais. Esse movimento reflete o compromisso da empresa com a inovação e a ampliação do acesso a tratamentos essenciais para a população brasileira.
Uma Nova Era para o Complexo Econômico-Industrial da Saúde
A EMS faz parte de um esforço coordenado para fortalecer o CEIS, que integra a estratégia nacional de industrialização voltada para inclusão social e sustentabilidade. O Governo Federal prevê um investimento total de R$ 57,4 bilhões no setor até 2026, buscando ampliar a produção nacional de itens prioritários para o SUS e reduzir a dependência de insumos estrangeiros.
Além dos recursos destinados à EMS, o BNDES aprovou recentemente um total de R$ 1,39 bilhão para o setor farmacêutico, incluindo outras empresas como Aché e Eurofarma. Esses investimentos são essenciais para a pesquisa, desenvolvimento e inovação de novos medicamentos e tecnologias, que poderão beneficiar milhões de brasileiros.
Com a inauguração da nova fábrica da EMS em Hortolândia, o Brasil dá um passo significativo na direção de uma indústria farmacêutica mais autossuficiente e capaz de atender à crescente demanda por tratamentos de alta qualidade. O fortalecimento do CEIS e os avanços tecnológicos no setor prometem transformar o país em um protagonista global na produção de medicamentos essenciais.