A Roche entrou na corrida por medicamentos para obesidade com um acordo transformador de US$ 2,7 bilhões para adquirir a Carmot Therapeutics, uma empresa de biotecnologia sediada na Califórnia. Esse movimento representa a incursão estratégica da Roche em medicamentos para perda de peso, uma área atualmente dominada por Eli Lilly e Novo Nordisk.
O acordo inclui um pagamento inicial de US$ 2,7 bilhões, com a possibilidade de mais US$ 400 milhões em pagamentos futuros aos acionistas da Carmot com base no alcance de determinados marcos. A aquisição pela Roche da Carmot proporciona à empresa um trio de medicamentos para perda de peso atualmente em testes clínicos iniciais.
O candidato mais promissor da Carmot, CT-388, é uma injeção semanal que atua nos receptores GLP-1 e GIP, semelhante ao Mounjaro e Zepbound da Eli Lilly. Este medicamento, após resultados encorajadores nos testes da Fase I, está pronto para a segunda fase de testes em humanos, com um possível lançamento no mercado esperado para a década de 2030.
Estima-se que o mercado global de medicamentos para perda de peso alcance até US$100 bilhões, com a Novo Nordisk liderando o caminho com sua injeção Wegovy. O otimismo da Roche em entrar nesse mercado lucrativo é evidente, já que suas ações subiram 2,4% após o anúncio.
Teresa Graham, chefe da divisão farmacêutica da Roche, acredita que o CT-388 se torne o principal medicamento para obesidade na classe GLP-1, seja como tratamento autônomo ou em combinação com outros compostos.
A entrada da Roche no campo de medicamentos para obesidade ocorre em um momento em que grandes empresas farmacêuticas estão se esforçando para garantir suas posições nesse campo em rápida evolução. Acordos recentes, como o da AstraZeneca, que concordou em pagar até US$ 2 bilhões pelos direitos de uma pílula experimental da chinesa Eccogene, destacam a intensa concorrência.
Para a Roche, essa aquisição representa um retorno estratégico ao campo GLP-1, uma área da qual saiu em 2018. A conclusão do acordo está prevista para o primeiro trimestre de 2024, proporcionando à Roche um portfólio abrangente de candidatos a medicamentos hormonais gastrointestinais, tanto em forma de pílula quanto de injeção, destinados ao tratamento da obesidade em pacientes com e sem diabetes.
Esse movimento permite que a Carmot evite as incertezas dos mercados públicos, uma vez que havia delineado anteriormente planos para uma oferta pública inicial. A visão estratégica da Roche enxerga oportunidades não apenas no mercado de obesidade, mas também em possíveis aplicações para o tratamento de outras condições, como doenças oculares e cerebrais.
Referências
Roche e Carmot