Surto de Candida auris preocupa a ANVISA

ANVISA

Detectado pela primeira vez no Japão em 2009, Candida auris (C. auris) é um fungo que tem gerado preocupações em escala global devido à sua disseminação por diferentes continentes, sua resistência aos medicamentos antifúngicos existentes e a dificuldade em ser identificado. A respeito desse assunto, Suennya Brito, médica infectologista do Hospital das Clínicas da UFPE, destaca a importância das medidas de prevenção e controle em relação a esse super-fungo. Recentemente, Pernambuco tem registrado diversos casos que tem trazido grandes preocupações para os órgãos de saúde pública estaduais e federais.

Por ser um fungo com todas essas características, é de altíssima vigilância. Na suspeita, a gente já deflagra todas as medidas cabíveis para controle, prevenção e diagnóstico. O grande problema é que os métodos convencionais de diagnóstico não conseguem identificar ou fazer diagnósticos diferenciais do fungo, então a gente precisa de métodos mais específicos e às vezes até mais caros, que são outros agravantes. Mas não é nada para que fiquemos desesperados, explica a médica infectologista.

Segundo a especialista, a colonização ou infecção por C. auris afeta predominantemente indivíduos hospitalizados, podendo resultar em doenças mais graves. Contudo, é crucial que até mesmo pessoas saudáveis se mantenham informadas sobre o assunto, a fim de compreenderem melhor essa ameaça. “A identificação do fungo está relacionada a pacientes com fatores de risco: internamento prolongado, dispositivos invasivos ou condições imunossupressoras. Já os pacientes saudáveis ou pessoas da comunidade, o risco de colonização e adoecimento por C. auris é muito pequeno”, acrescenta.

Geralmente, o fungo não provoca sintomas em pacientes colonizados, ou seja, aqueles em que o fungo está presente no corpo, mas não resulta em doença. No entanto, lesões na pele, feridas ou a utilização de cateteres em ambientes hospitalares podem facilitar a entrada do fungo no organismo, permitindo que ele alcance a corrente sanguínea e desencadeie uma infecção.

A prevenção contra C. auris é baseada em medidas de higienização rigorosas, incluindo a lavagem frequente das mãos com água e sabão, a utilização de aventais e luvas, bem como a limpeza adequada dos quartos onde os pacientes estão internados com os produtos sanitizantes apropriados. Além disso, a colaboração entre profissionais de saúde, familiares e pessoas próximas aos infectados é fundamental para garantir a eficácia das precauções adotadas. “Não precisamos ter uma postura de esperar, mas de antecipar em todos os cuidados, nas medidas de prevenção e controle por surto“, completa.

De 26 a 28 de julho uma equipe da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se deslocou para uma missão técnica na cidade de Recife, em Pernambuco. O objetivo dessa missão foi acompanhar de perto as ações que estão sendo tomadas para controlar os surtos do fungo Candida auris nos hospitais da região.

Até agora, foram relatados dez casos confirmados de Candida auris em quatro surtos que ainda estão ocorrendo no estado de Pernambuco. Isso afetou hospitais como o Hospital Miguel Arraes, o Hospital Tricentenário de Olinda, o Hospital Real Português e o Hospital da Restauração. A Anvisa informou estar se empenhando em colaborar com esses hospitais para garantir o controle desses surtos.

As ações que estão sendo realizadas para controle são diversas e abrangentes. Nos hospitais afetados, medidas de higienização, limpeza e desinfecção estão sendo reforçadas. Coletas de swabs estão sendo feitas para monitorar os casos positivos e também análises de superfícies dos ambientes. Medidas de precaução padrão, além identificação e isolamento de casos positivos, estão sendo mantidas.

O monitoramento e o suporte continuarão pelos próximos seis meses, para garantir que todas as medidas necessárias estão sendo tomadas. Em paralelo existe uma constante articulação com diferentes departamentos e órgãos envolvidos, incluindo a revisão das recomendações nacionais para identificação, prevenção e controle de surtos de C. auris.

Fonte:

ANVISA: https://www.gov.br/anvisa

Imagem:

Shutterstock

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